sexta-feira, outubro 03, 2003

Analfabetos atacam Doutores

Um dos sites fundamentais de Portugal é o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Desde que uso computadores que tenho este sítio na minha lista de favoritos. A descrição é: "Ter dúvidas é saber. Não hesite em nos enviar as suas perguntas.
Os nossos especialistas e consultores responder-lhe-ão o mais depressa possível."
E confessam que apontam para 48 horas como sendo o tempo máximo de resposta.
Hoje, enquanto andava por lá a bisbilhotar, conheci a palavra "desinências". Em breve, penso vir a conhecer o seu significado.
Descobri também que os mestres são deveras incomodados - tal como eu o sou - pelas traduções enigmáticas; Eles são mais profundos e chamam-lhes "analfabetas". Eis então uma bela discussão, mesmo ao meu jeito de colecionador de legendagens enigmáticas, a rondar o insulto e tudo, que podem ver aqui.
Se as cigarreiras têm futuro, o mesmo não se pode dizer dos prontuários: sitíos destes tornam-os obsoletos. É que as respostas, se bem que às vezes bastante enigmáticas, outras vezes levemente engraçadas, são sempre personalizadas. E ex cathedra. Nível, se bem me entendem. Mas com as traduções quase que estalava o verniz...! Só quem não sabe é que não entende. Ai, as traduções!
Não resisto a mostrar aqui uma frase que uma tradutora proclama: "...Que atire a primeira pedra aquele que se julga infalível a nível profissional."
...
Paula Centeno

Esta afirmação de fraqueza parece contrariar seriamente a minha teoria de conspiração! Mas recordem os exemplos que dei. Quando estamos no nível zero, não se trata de infalibilidade.
Aceito de mau grado que seja essa a justificação para quatro tradutores e mais um revisor científico tenham traduzido "The Rock of Ages" por "a rocha das idades". Apesar de não fazer sentido algum e apesar das maiúsculas e apesar do autor ser o meu herói intelectual, Stephen Jay Gould, e apesar de ser primário (além de evidente no contexto -ver "A Vida é bela", da Gradiva) saber que se estava a falar de Jesus Cristo. Não aceito "abecinto"; "eu faço uns pratos"...
Não sabem nem querem saber nada.
Não merecem qualquer perdão. Merecem sim que lhes devolvamos a consideração nula que têm por nós e pelos autores.

G, o Homo sapiens sapiens

Sem comentários: