Depois de me terem sido dados a conhecer os temas que o poeta AMR abraça para gerar os seus perturbadores e lastimáveis versos (ver "Estranho Silêncio (1)" - e todas as outras crónicas do fantástico RAP) e tendo sabido que foram os espanhóis os inventores da esfregona, dei por mim a cismar neste esguio objecto. (do mal o menos: podia-me ter dado para bidés.)
Deixo aqui as minhas congeminações.
A primeira coisa que atrai a minha enevoada atenção é a expressão os espanhóis. Não me parece uma objectiva descrição da realidade. O facto de um qualquer Manolo, inspirado sabe-se lá por que estranha musa, (sim, porque como o demonstram estas linhas, a inspiração pode ser bem caprichosa...) ter concebido tal genialidade, não deve espalhar a culpa por toda a Espanha, mesmo gozando Manolo da cidadania espanhola. Talvez o génio nem gostasse de ser espanhol. Talvez desejasse, como a maior parte dos portugueses de mente sã, ter nascido noutro país, na Nova Zelândia, por exemplo. Bem, não se deve dizer os espanhóis. É uma generalidade excessiva. Para lá de que, assim, se garante um totalíssimo anonimato que Manolo talvez não desejasse. Talvez não só maldissesse o seu país como também ansiasse pela fama, coisa vulgar em gente moderna, sendo-lhe esta, assim, se bem que merecida, cruelmente roubada.
Mas mais ideias me atormentam: Terá sido um homem? Pessoalmente ficaria mais tranquilo se tivesse sido uma mulher. A mulher de Manolo. Isso! Pode bem ter sido. Se calhar, depois de ter tido a útil ideia, decidiu doar os créditos do feito ao marido e garantir assim, segundo acreditaria ela, que jamais sofreria maus tratos, tamanho o sentimento de dívida que Manolo, então, carregaria. Todos sabemos que os espanhóis são dados a espancar as esposas (Não os critiquemos levianamente: no lugar deles que faríamos nós? Interrogação.), daí não seria de todo estranho este altruísta gesto da senhora.
Continuando o meu raciocínio: as espanholas, muito compreensivelmente, tendem a não dar razões aos irascíveis maridos e, consequentemente, muito atreitas a limpezas profundas e frequentes. Disso resultam inevitavelmente, por deficiente conhecimento das extensivas regras de Higiene, Saúde e Segurança do Trabalho, mazelas físicas. A necessidade é muito engenhosa. Daí que, para colmatar as suas maleitas mas continuando a limpar eficazmente, a mulher de Manolo tenha engendrado a esfregona. Não quero parecer o Prof. Hermano mas assim parece-me que a história fica melhor.
Acresce que, se tivesse sido de facto um homem - coisa que eu, já deixei bem claro, rejeito por inverosímil - que dizer das preocupações dos machos espanhóis? Que raio de hombre se preocupa em arranjar maneira de limpar mais facilmente o chão? Não, o homem espanhol tem outras preocupações: trazer a rédea curta à mulher, como já vimos, os toros, a independência da sua região e todo um sortido de festas tradicionais aberrantes que só por si o deixam, geralmente, ocupado por todo o ano - a curar mazelas, em reconstruções e nos preparos da próxima. Não, decididamente o homem espanhol não tem na sua lista de prioridades "arranjar maneira de limpar o chão sem ter de andar de cu prò ar".
Boa! Esta frase fortuita realça outro forte indício de que o assunto é feminino. Notem, se fazem favor, a expressão "de cu prò ar". Já estão a ver. As pobres senoritas, além do infame trabalho, ainda tinham, muitas vezes, de aturar umas investidas dos seus hombres, motivados pela convidativa posição. Isso sim, faz parte daquilo que se espera, e se coaduna, do homem espanhol. Mui macho! Além disso...
[Pronto, já chega. Enough is enough]
G, o Comediante